SOBRE AS COISAS E OS SERES
De onde vêm essas estranhas figuras que dominam todo esse espaço? Elas se apresentam dentro do universo e da dinâmica da arte, mas elas são, antes de tudo, frutos da indústria, da botânica, da ciência. Por isso são
assim, essa é a sua natureza, entre o Ser e a Coisa; o que parece ao primeiro olhar elegância e acaso é desenho, design, destino, definido pela pesquisa, pela verdade e pelo método. A sua história é a sua morfologia
e, como bem define o artista, elas são obras sem memória.
Armarinhos Teixeira atua com precisão cirúrgica e cada gesto seu é determinado pelo diálogo que ele estabelece com a matéria. Sobre ela ele se debruça sem trazer lembranças anteriores, valores estéticos ou éticos definidos e essas obras se organizam como organismos encantados, figuras estranhas que se movimentam e que pulsam, a oscilar entre a indústria e a botânica, entre a vida e a morte, entre aquele que age e aquele que reage, aquele que cria e aquele que obedece.
A potência e a verdade das suas formas é fruto de sua precisão conceitual. Aqui, a beleza e a inteligência caminham juntas e elas definem o espaço como um estranho jardim, com mistérios líquidos, formas e densidades nebulares, ninhos, casulos, determinados pela transversalidade de suas ações. Por tal motivo esses elementos de Armarinhos Teixeira oferecem ao espectador variadas leituras. Eles criam diálogos entre o homem e a máquina, entre a forma funcional e a liberdade estética, entre o mundo dos seres vivos e os objetos inanimados. Nesse pequeno mundo criado pelo artista como morada de suas ideias e de seus objetos, é preciso respirar e perceber lentamente a dinâmica das coisas. Elas comandam a aventura e convidam a todos a descobrir seus mistérios e seus encantos. La nave va.
Marcus de Lontra Costa
Novembro, 2018
ABOUT THINGS AND BEINGS
Where do these strange figures that dominate this space come from? They appear within the universe and the dynamics of art, but they are, above all, fruits of industry, botany, science. So they are so this is his nature, between Being and Thing; what seems at first glance elegance and chance is design, destiny, defined by research, truth and method. Its history is its morphology and, as the artist well defines them, they are works without memory.
Armarinhos Teixeira acts with surgical precision and each gesture of his is determined by the dialogue he establishes with matter. On it he leans without bringing back memories, defined aesthetic or ethical values and these works are organized as enchanted organisms, strange figures that move and pulsate, oscillating between industry and botany, between life and death, between the one who acts and the one who reacts, the one who creates and the one who obeys.
The power and truth of its forms is the fruit of its conceptual precision. Here, beauty and intelligence go together and they define space as a strange garden, with liquid mysteries, nebular forms and densities, nests, cocoons, determined by the transversality of their actions. For this reason these elements of Armarinhos Teixeira offer the viewer varied readings. They create dialogues between man and machine, between functional form and
aesthetic freedom, between the world of living beings and inanimate objects. In this small world created by the artist as the abode of his ideas and objects, one must breathe and slowly perceive the dynamics of things. They lead the adventure and invite everyone to discover their mysteries and charms. The ship is going.
Marcus de Lontra Costa
Novembro, 2018